9 de jun. de 2014

escritores

escritores provam vidas para encontrar palavras
urgem

escritores provam vidas para se encontrar com palavras
urgentes

escritores provam gente para encontrar com vidas
para nada

escritores encontram gente para provar palavras urgentes




achados 
sentem o gosto 
atemporal, anônimo
só encontra letras

07/05/12

doze doze doze (desejos auspiciosos)

logo cedo mergulhar no abraço do dia
nesta bolha que é sair de casa
nem sabia
só sentia
a beleza do hoje

lábios parados
a música de meus pensamentos
calma, sutíl
o que considero entender
só sinto que o olho brilha


atraso e pequenos erros
muitos, muitos abraços de crianças
sorrisos
mudanças
encanto
quem somos nós agora?
carinho e reconhecimento
vontade de mais, mais

fazer mais
vencer mais
ser humilde
minha vitória não é minha
escorre entre os dedos
fica no ar
não quero enquadrar a verdade
nem amarrar a alegria à sombra

ter a motivação correta
trazer beneficio
amar
viver o amor presente
não ser egoísta
aprender do perdão
ser serena
trazer entendimento

passar pela noite e dela ser filha
pulsar desejosa
plena
ascender, acender
trazendo comigo
compaixão
energia
e a força de saber que nada é meu

12/12/12

superfície, forma, essência (ou exercício sobre o não)


Brilham as luzes, os contrastes e lá fora,
uma sustentação repetitiva de brancos,
os mesmos, velhos dentes - olhos quase nublados.

O tato é veludo trançado em mãos de aço e o mundo roda, mudo.
Todo em teorias, contorce e o que pulsa
é amarrar cada instante.

Não, o cansaço é ter mais segundos dos que o que cabem;
sono - o alimento do amanhã
fome - pressa de paladar
o desejo, um fósforo aceso no vendaval.

As flores do deserto não têm tanta sede,
as lótus desabrocham do caos.

Ousar uma prece, um sorriso secreto -
sentir o oposto como forma de ser o que é.
Sem tempo a cumprir, ou lugar pra chegar:
estar.

17 de abr. de 2014

cidade noturna




uma cidade cheia de passos, pessoas e horas que vão passando insistindo em mudar a luz. e quando chegavam as noites jogam-se em altíssimas risadas, em grandes buscas: um pouco de efervescência, decadência, nada do que realmente se quer. todos estão montados em trajes despojados, em trajes refinados, e a quem não se fizer inteligível, inteligente, intangível será dado o nada consta ou o troféu de uma falta de senso - o motivo de muita conversa depois do boa noite. uma corrida por amarrar o momento, driblar as sensações e não se contentar. a noite pode nos oferecer mais, a vida pode nos oferecer mais, os sentidos podem nos oferecer mais vamos buscar! o sumo o supra-sumo do artificial - o torpor de uma dor que nem sei se sinto. nada basta, nem eu também - nem tu: a ser uma expectativa iludida. é que estamos tão distantes que precisamos artificialidade para nos sentirmos unidos: não nos cabe o que nos aproxime - nunca rasguemos os véus. o que queremos é uma noticia, uma novidade, uma sensação de que os dias passaram.

Imagem: Cezàne - The eternal woman

18 de mar. de 2014

Leves são os pássaros









Os de voo vêm ligeiros
e invisível,
pulso compasso
Os translúcidos
brincam de espaço.


Vozes antigas disseram
gire rápido, monte o escape
Desnorteie
Ilusione o voar

Hoje, voar não cabe nem falta.
Mais vale o eixo e o dínamo.
Caminho espiral
sem partida nem chegada.

Quando o dedo risca,
quando o passo para,
sentir o sopro das flores
e o nada.

E se andar 'vagarinha',
sem a pressa dos que fazem.
Pra sorrir quando quer
só por ter vontade.
Pra montar um argumento,
que nada tem de verdade.

Pintar a pele, prender o fôlego, esquecer significado.


(Imagem: Margarida Cêpera - Leves são os pássaros)

20 de fev. de 2014

raspas de insone

"Um verso preso é um tiro
Que a arma não disparou
Pois o gatilho travou
E o tambor não deu o giro
Se escuta só o suspiro
De alguém que escapa assombrado
E o atirador, frustrado
Remóe a raiva no dente
Sentindo o mesmo que sente
Alguém que foi baleado" Siba e Lira


Bastam as palavras pra entender
encanto
num canto
dentro
do amanhecer das janelas
e o olho que me vê
para
quê
quem
sou?

o poema sublime
rosa rasa
quando
amarra no que não é
e que nessa historia
escapa
volta
desarma
da pé

nem saber o quanto
nem dos quereres
para tirar da lógica
para além
do que se sabe
e espera

(fim de maio/2013)


Minha foto
Sem açucar, com afeto.