15 de jun. de 2011

(encontro)

M diz:
*uma vez
*há bastante tempo
*eu li uma coisa
*de alguém
*em algum lugar
*sobre algo como
*a diferença entre os que sofrem e os que são sofridos
*na época em que li isso
*eu me senti tão tocada
*pq fiquei pensando nas pessoas da minha vida
*nas pessoas dos lugares do mundo
*e eu já vi o sofrimento
*eu sei o que é sofrimento de verdade
*eu vi quando trabalhava na ação social de capistrano
*vi um menininho desnutrido
*de uns 2 pra 3 aninhos
*prostrado numa rede
*ele passava tanta fome
*que nunca tinha andado
*e já tava perdendo a visão
*sabe aquelas fotos de crianças africanas que a gente vê por aí
*eu vi aquele menininho
*e vi outras crianças também
*pq eu fazia um trabalho de arrasar qualquer ser humano
*eu vi o sofrimento
*eu sei como é
*e tempos depois quando li sobre a diferença entre os sofridos e os que sofrem
*eu entendi
S diz:
*agora eu percebi
M diz:
*ser sofrido é muito foda
*é muito duro
*é cruel demais
*sofrer a gente sofre de qualquer jeito
*quando pega o circular às 18h
*rs
S diz:
*auishiauhs
M diz:
*sabe?
S diz:
*sei
M diz:
*pois é
S diz:
*ser sofrido...
*um ser sofrido
M diz:
*e eu admiro quem não faz do sofrimento uma bandeira
*é o que tento
*não dar peso ao que já é pesado demais
*eu exercito isso diariamente, como uma oração
*um mantra meu
*a gente pode sofrer pra caralho/ser sofrido pra caralho, mas tentar a coisa mais difícil: aquela insustentável leveza do ser
S diz:
*(sem palavras, aqui)

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Sem açucar, com afeto.