6 de abr. de 2012

Desejo e revelação

Descobri como voar, planei, tornei-me águia. Na respiração minhas asas subiam, na transpiração desciam. Foi assim que abandonei a noite, foi assim que recebi o dia. Com o vento, o céu me abraçou e eu não estava mais sozinha.
Segui os caminhos de pedras pra te ver, em uma caixa disfarcei esperança. Tive teu consolo, um pequeno alivio mas à tarde lembrei da verdade: sublime e sorrateira.
Ouvi 3 conselhos e segui para o mar, mais uma vez me senti abraçar, parei de pensar, segui pela areia. O mar juntou suas mão logo que entrei, me pegou pelo ventre, me quis como amante. Rolou comigo, fez me cocegas e surpresas. Fui grão de areia, leve levada.
Ele me puxou mas eu segui. Antes que que eu fosse, me mostrou como pedras escondidas doem. Eu que não quis pisar em pedras, não tive escolhas: ele me arrastou de volta. Eu senti sua dor, eu me machuquei comigo e chorei.
Na volta pra Terra, um besouro vermelho e negro preso em um cruel destino: estava imóvel com suas asas presas na Terra molhada.
Mais uma vez a dor vem e eu não posso deixa-lo morrer. Ele tornou a se prender quando o virei, levei-o então mais adiante. Ele se limpou por muito tempo, por tanto tempo quando pode estar com ele: patas, asas, olhos. Apenas contemplei, como era belo. Por tanta beleza, tive que dividir com alguém:
- Mãe, você o salvou!
- Não filha, eu apenas mexi com ele.


Hoje, o mar violento não me abraçou. Veio com força e mostrou que, ali, hoje, eu não teria carinho nem abraço. Pelos caminhos que sigo, sou sagrada e descubro um lugar onde eu me caiba.

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Sem açucar, com afeto.