Você não estava morta nem nada, estrangeira nem nada, realidade adversa nem nada. Você estava vivinha na noite que eu escolhi pra dançar. Uma sombra, um traço.
Pinto a boca de vermelho, forma fácil e instantânea. Cada pigmento arrastado na pele. Entreaberta, antiga, coagulada. Tingia falseando a marca entreaberta e o ardor.
Aquela presença apresentou uma solidão menos palpável, menos possível e mais des-espero.
Máscaras, orgulho - versão cruel, mesquinha, pequena .
Ensinou-me a odiar, mesmo feito um bem imenso - afinal, se quer bem saber.
É uma dor tão bem cultivada pra tão pouca história, mas não vou me fazer de rogada.
Naquela noite vi, não consigo te transpassar.
Muita mesquinhez
de minha parte,
a propósito.
Hoje quase mataram a árvore de meu pai, tenho o corpo enfermo e passos que vão calçados.
Hoje talvez fosses companheira de um discurso que foge o conforto das amizades, a efemeridades dos afetos, as melhores respostas das velhas canções.
Hoje quase mataram, o vento de minhas noites.
Se você bem entende, depois daquela viajem tem sido mais díspar confiar.
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