Easy to love

-"...e você é tão fácil de amar".

Uma tristeza se plantava nela. A semente já existia, com aquela certeza que agora tinha o solo fértil na evidência dada pelo outro. A tristeza era uma verdade pura e que ela já conhecia, apenas havia esquecido. E foi como encharacar todo o encanto que ela se esforçara pra encontrar e cultivar naquele romance.

Ele viu a súbita mudança de humor de sua garota, sua sempre tão transparente garota, e tentou explicar-se atribuindo-a tantos elogios quantos seu ego pudesse acreditar ser verdadeiro. Sendo como sempre foi, ponderado.

Mesmo depois de passada a tarde, via que o isolamento dela em seus pensamentos ainda gelava qualquer troca, qualquer toque.

Como elogios poderim ser tão violentos? Como 'alguém ser fácil de amar' pode soar tão negativo? Ele nem entendia e nem conseguia ver tudo aquilo como se não passasse de um grande drama.

Para ela as coisas voltavam a tona marcando a essência de quem ela era nos relacionamentos. Não se tratava só deste, todos até alí foram assim.

Com aquelas palavras se deu conta: ela não era feia (até que tinha um rosto amigável e um corpo apetitoso), não brigava por qualquer coisa ( pelo menos não po estas coisas que normalmente incomodam as "mulheres") e nunca fizera doce.

Sim, fácil era mesmo uma palavra que servia bem. Cômoda, ou do tipo 'por que não?'.

E ela concluira que ele não estava com ela porque ela o tinha conquistado, ela era óbvia de se amar. E sendo mais honestos que anteriormente, ela era sim uma boa espécime para se mostrar aos amigos.

Para ela alí acabava-se tudo mas só outros dias ela perceberia.

O que não havia acabado e se enraizava na sua vida era aquela certeza, que agora estava ainda mais clara:

As pessoas não se apaixonavam por ela.

Ela pensava que jamais devia ter arrebatado qualquer coração, nem ter sido alvo de insônias calorosas, nem muito menos, inspiração de qualquer.

Era formatada a ser agradável, era um exato sim, um ser feminino que não inspira mas que até que cai bem.