Ela chega em casa e a meia luz parece anunciar que a sequência daqueles dias chegava ao fim. Aqueles dias eram de um prateado que vivou cinza e como quem não sabe o que fazer com a purpurina e resolve ingeri-la, sentia agora não uma sensação de brilho e leveza tal a que temos quando vivemos no amor mas uma indigestão de quem exagera sem saber que é alergico.
Aquele apartamento que habitava tinham entradas de luz vindas da rua formava triangulos amarelos na escuridão que ventava junto com a cortina fina e creme da maior janela.
Por dias eles estava distante, meses.
No quarto, a mala estava pronta e ele sentado a cama de solteiro que dividiam antes com tanto gosto. Seu chapeu cobria o rosto de um corpo que curvado levantava os tornozelos no ritmo 2 a 2 segundos.
Acende a luz e vêm as palavras rápidas e confusas. Vem a sentença.
Você está louco. Como você pode me deixar. Como tudo isso chegou aqui. As perguntas dançam intercalando entre os braços que argumentam e um corpo que grita.
Então vêm as ofenças e desce o choro. Os braços dele procuram consolar e o corpo dela recusa. Vá, vá de uma vez. E ele quer que ela não o queira mal, e pede. E segue pelo corredor.
Ela se levanta e depois de um salto o vestido provocante que usa passa mais uma vez o calor do corpo que em desespero agarra e tem então a certeza de que não provoca mais. Agarra aquele corpo, respira profundo e beija em desespero uma boca imóvel. O corpo louco desce até o chão e acorrenta os pés. Após ouvir o choro acalmar, ele vai.
(* cena criada com Après moi- Regina Spektor como música de fundo)
O caixão na carta cigana representa o recomeço, a renovação, a possibilidade do novo... uma despedida ou separação, um fim abre nova porta... O aqui e agora enquanto forem verdadeiros e possibilidades... se os limites forem alcançados, partir... para novos limites...
ResponderExcluirSó não podemos parar...
"Viver é que nem andar de bicicleta, se parar, cai"...