tento capturar o instante enquanto o vivo
é cada um
sucessivo
cada
cada
único
nesse agora que agora já não é
foi que ouvi o xilofone da música que me permiti
enquanto as gotas caem em mim
a primeira,
certeira,
beijou-me
no exato ponto
que em mim há uma linha de simetria
quem tem o instante, tem-se todo
e tudo
depois,
Quando ando pela rua vazia numa noite tarde sinto medo mas olhar para traz só me causa mais espanto. O que vinha era um morcego e desvia. Nesse instante sei, estou suscetível. Lembro de uma morte rápida de uma vida breve que aconteceu aqui perto; passa uma bicicleta pela esquina. A chave não chega tudo foge da minha bolsa.
É o instante. Estou nele. Sou o instante, pleno e vulnerável.
Por pouco me salvo de mim
por pouco não parei da fronteira
entre o medo que bebo
e o instante todo
Já suspeito da cilada que é o pensamento
rodando em volta das mesmas palavras
que definem e definham
no medo penso a respeito
no instante encontrei
e o devir
de perceber sem voz,
sem palavras
As coisas não cabem nas palavras.
São do instante.
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