Saber que os dias seguem e que podia seguir com ele de sorriso secreto...
Por que eu preciso contar pro mundo o que sinto, o que leio, o que eu queria compartilhar, o que acho válido. Necessito jogar palavras e palavra jogada não volta atrás.
Somos dignos das palavras? Elas são dignas de nós?
As palavras são dos momentos, são dignas deles?
Estão vestidas a caráter ou precisam colocar algo mais refinado para o ambiente?
Eu diria que sim e que mesmo que eu entenda o que você diga, mesmo que sinta o cheiro e o gosto da sua sinceridade ao dizê-lo preciso pelo refinamento da elite, que suas palavras estejam adornadas em ouro.
Por isso os políticos, entendem? ;)
Mais vale uma palavras vazia banhada de luxo e etiqueta que mil palavras vivas maltrapilhas. (Não é, mas tem a força de um provérbio.)
Pessoas fechadas em seus formatos aprenderam a ver o mundo assim e só assim. Não entendem nem o formato que usam nem se propõem a ir além dele. Contemplam o brilho das estruturas que os prendem numa sociedade de grades bem polidas.
Hoje não, hoje sim. Todo dia é dia sim, não estou adormecida e quem cala consente.
Hoje penso não, não vou falar. Hoje penso sim, eu devo falar e o dever sobressai.
Como não falar nada que comprometa, que exponha. Como não dissolver de mim parte que me é preciosa.
Ou esperar.
Não se conversa, se discursa, ambos. Tagarelam, a mostrar palavras e disfarçar egos.
Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Poema à boca fechada
ResponderExcluirNão direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
José Saramago
Samis seu blog ficou muito lindo... e o conteúdo tão belo quanto!
ResponderExcluirbeijos!
vou te favoritar!