18 de mar. de 2014

Leves são os pássaros









Os de voo vêm ligeiros
e invisível,
pulso compasso
Os translúcidos
brincam de espaço.


Vozes antigas disseram
gire rápido, monte o escape
Desnorteie
Ilusione o voar

Hoje, voar não cabe nem falta.
Mais vale o eixo e o dínamo.
Caminho espiral
sem partida nem chegada.

Quando o dedo risca,
quando o passo para,
sentir o sopro das flores
e o nada.

E se andar 'vagarinha',
sem a pressa dos que fazem.
Pra sorrir quando quer
só por ter vontade.
Pra montar um argumento,
que nada tem de verdade.

Pintar a pele, prender o fôlego, esquecer significado.


(Imagem: Margarida Cêpera - Leves são os pássaros)

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Sem açucar, com afeto.