17 de abr. de 2014

cidade noturna




uma cidade cheia de passos, pessoas e horas que vão passando insistindo em mudar a luz. e quando chegavam as noites jogam-se em altíssimas risadas, em grandes buscas: um pouco de efervescência, decadência, nada do que realmente se quer. todos estão montados em trajes despojados, em trajes refinados, e a quem não se fizer inteligível, inteligente, intangível será dado o nada consta ou o troféu de uma falta de senso - o motivo de muita conversa depois do boa noite. uma corrida por amarrar o momento, driblar as sensações e não se contentar. a noite pode nos oferecer mais, a vida pode nos oferecer mais, os sentidos podem nos oferecer mais vamos buscar! o sumo o supra-sumo do artificial - o torpor de uma dor que nem sei se sinto. nada basta, nem eu também - nem tu: a ser uma expectativa iludida. é que estamos tão distantes que precisamos artificialidade para nos sentirmos unidos: não nos cabe o que nos aproxime - nunca rasguemos os véus. o que queremos é uma noticia, uma novidade, uma sensação de que os dias passaram.

Imagem: Cezàne - The eternal woman

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